segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Resenha do texto “O livro didático no contexto de transição dos paradigmas da história”

O texto de Caimi é interessante e começa por demonstrar que a produção dos livros didáticos de história não ocorre de maneira paralela à produção acadêmica e antes tem com esta uma sintonia, bem como compartilha da evolução do mercado editorial e da historiografia social. Antes seria, então, o livro didático de história “o elo de ligação entre a produção acadêmica e o professor de história”, o que causa uma “inovação teórica e metodológica” .
Podemos entender, então, o livro didático como uma opção política e teórica do autor da obra, o que estará presente na obra. Da mesma forma que o historiador, o autor é um “selecionador”. O historiador seleciona entre “incontáveis manifestações humanas”, enquanto que o autor de livros didáticos julga o que é “digno” de se passado através do ensino. Claro que este autor é, como todos os homens e mulheres, fruto de sua época.
Na polêmica dos campos paradigmáticos que o autor deve seguir, existem cinco eixos centrais, que Caimi coloca na seguinte seqüência: concepção de história, concepção de ensino, periodização, “objetos, fontes e bibliografia” e sujeito histórico. Em seguida, Flávia Eloísa vai se debruçar por explicar um a um destes termos, dividindo os produtores e autores de livros didáticos em grupos, dentro da concepção histórica, como sendo quatro principais, ou seja, história como estudo do passado, história como transformação social, história como, a história do cotidiano e a história como experiência humana.
Dentro da concepção de ensino, Caimi também divide em alguns grupos. Por exemplo, um primeiro movimento majoritário “apresenta uma proposta pedagógica que não oferece espaço para a multiplicidade de leitura historiográfica, para o confronto ou divergência de opiniões” . Tem ainda uma segunda corrente que “propõe uma metodologia dinâmica e crítica, oferecendo mais de uma visão sobre determinado tema” . Claro que ao longo de todo o texto, Flávia Eloísa se coloca ao lado de um aluno atuante, ou seja, posiciona-se diante da segunda corrente proposta.
Quanto à periodização, Caimi acredita ser esta uma das mais complexas tarefas que se impõe ao historiador, o que aponta para três possibilidades principais: o da cronologia linear, de acordo com os modos de produção e o ensino por eixos temáticos. Mais uma vez o texto tende a apoiar a última proposta oferecida.
Para a autora o os livros didáticos ainda estão muito tímidos na abordagens dos objetos, deixando temas sociais ainda ausentes do livro. Novos enfoques (negros, homossexuais, mulheres, analfabetos, pobres, crianças, etc.) devem ser abordados com seriedade sócio-histórica, e a fonte bibliográfica deve ser coerente com o que o autor se propõe. Também devem explorar fontes pouco exploradas na produção didática, como revistas, jornais e outras que estejam próximas ao próprio aluno, ampliando as “possibilidades de leitura histórica ” através destas novas fontes.
Quanto ao autor ao tratar do sujeito histórico, o que se apresenta como maior questão a ser modificada é que geralmente quem produz o livro didático “faz a crítica ao vencedor e omite a história do vencido, destrói alguns mitos e não recupera a experiência das minorias excluídas da história”.
A obra é conclusiva a muito clara quanto às tendências dos autores e se apresenta como um texto de importância a historiadores e professores de história que queiram se dedicar à produção de livros didáticos.

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